Death Rock é um gênero musical obscuro e provocativo que se distingue por sua estética sombria, letras introspectivas e sonoridade carregada de melancolia e energia visceral. Hoje, exploraremos as origens e características fundamentais do Death Rock, mergulhando em sua evolução e influências. Além disso, lançaremos luz sobre como esse movimento musical encontrou solo fértil em diferentes partes do mundo, destacando especialmente sua presença e impacto no Brasil e no Japão.
O que é Death Rock?
Death rock é um subgênero que emergiu entre as décadas de 1970 e 1980, caracterizado por uma fusão única de elementos do punk, rock gótico e música industrial, com letras frequentemente explorando temas sombrios, como morte e decadência. Claro, não são os únicos temas do gênero, mas são alguns dos mais frequentes. As composições são tipicamente marcadas por guitarras distorcidas e batidas intensas, enquanto os vocais variam de melancólicos a agressivos. O visual e a estética desempenham um papel crucial, muitas vezes incorporando elementos de moda obscura e maquiagem teatral, refletindo uma sensibilidade sombria e subversiva.
Segundo Henrique Kipper em seu livro “A Happy House in a Black Planet: Introdução à Subcultura Gótica”, o fenômeno posteriormente denominado Deathrock teve sua origem na costa oeste dos Estados Unidos, especialmente na Califórnia, durante a transição dos anos 1970 para os anos 1980. Suas raízes são profundamente ligadas a diversos subgêneros do rock, notavelmente o glam-metal (representado por artistas como Alice Cooper, embora muitos também mencionem o Kiss), o garage rock e o punk original do final dos anos 1960 e início dos anos 1970 (com bandas como Stooges e MC5), além do rock cru e básico dos anos 50 e a surf music.
Na cena californiana, ao contrário da Europa, o punk americano, mais próximo do rock tradicional, e o glam-metal estavam intimamente interligados. Essa fusão foi enriquecida pela temática “camp” de horror dos filmes B. Entre os anos de 1979 e 1982, destacaram-se como principais bandas Christian Death, 45 Grave e Kommunity FK, cujas artistas Gitane Demone e Dinah Cancer também se destacaram.
O Death Rock no Brasil
O Death Rock é um estilo relativamente pequeno no Brasil, apesar de sua presença no país há bastante tempo. A data exata de sua chegada é incerta, mas nos últimos anos tem sido observado um crescimento mais notável desse movimento.
A maioria dos adeptos do Death Rock costuma criar suas próprias peças de vestuário, personalizando principalmente calças e jaquetas com bottons e patches de suas bandas favoritas, símbolos regionais ou estampas relacionadas a temas como caveiras, morcegos e aranhas.
Devido à natureza não comercial do gênero, encontrar produtos relacionados ao movimento em lojas de música é bastante difícil, incentivando assim a expressão criativa dos indivíduos. Nem todos os seguidores do estilo adotam uma estética visual marcante, pois a música e a camaradagem entre amigos que compartilham os mesmos gostos musicais geralmente prevalecem. É importante destacar que muitos desses entusiastas são adultos com carreiras e responsabilidades, o que limita seu tempo e recursos para investir em vestuário e acessórios específicos.
Além disso, os zines têm sido um meio importante para difundir a cena Death Rock brasileira. Estima-se que mais de 10 edições tenham sido lançadas em todo o país, embora muitas delas tenham deixado de circular nos dias de hoje.
Além disso, estão surgindo projetos importantes, como o grupo “Morcegos Resistem”, uma aliança originada da colaboração entre Deathrockers do Rio de Janeiro, São Paulo e outros estados, com a participação também de amigos do DRPR. Esse grupo tem se expandido por várias regiões, unindo pessoas em prol da cena, compartilhando informações sobre música, comportamento, zines, publicações, sites e eventos em geral.
Destaca-se também o trabalho das tirinhas humorísticas inspiradas na cena Deathrock, como as do NECRO, que oferecem sarcasmo, humor negro, personagens sinistros e participações especiais. Vale a pena conferir essas tirinhas em www.necrocomics.blogspot.com.
No entanto, nem todos os estados brasileiros possuem um ambiente propício para os Deathrockers. Em Curitiba e no Paraná em geral, por exemplo, o espaço dedicado a esse estilo ainda é limitado. Alguns apreciadores precisam aguardar até o final de festas “góticas” para ouvir um pouco de Deathrock. Apesar disso, há um grupo de pessoas, tanto locais quanto de fora, trabalhando para que, em breve, eventos desse gênero possam ocorrer em Curitiba e arredores. Enquanto isso não acontece, a festa “Let’s Goth” tem aberto espaço para o Deathrock na região.
As bandas nacionais desempenham um papel crucial, sendo a pioneira no Brasil a Crippled Ballerinas, formada em 2003, que desempenhou um papel fundamental no desenvolvimento da cena, especialmente em São Paulo, embora tenha encerrado suas atividades. Posteriormente, surgiram outras bandas excelentes, como East Devils, Madhouse, Morte Súbita, Gangue do Morcego, The Knutz, The Skelletones, Monkey Business, entre outras. No entanto, devido à falta de incentivo, persistência ou público, nem todas conseguiram se manter ativas.
Atualmente, a banda de maior sucesso no Brasil dentro do estilo Deathrock é a Luiza Fria, que vem conquistando ouvidos em todo o país desde 2007. Composta por Kell Killer Suxxx nos vocais, Luc na guitarra e no contrabaixo, Moiirah Kadaver também na guitarra e no contrabaixo, F. Rodriguez na bateria e Lex Sothan no teclado, a banda recentemente anunciou o encerramento de suas atividades, embora muitos esperem que seja apenas uma pausa temporária.
A maioria das bandas de Deathrock encontra inspiração para suas composições em temas como horror, ironia, sarcasmo, loucura, nervosismo, violência, bipolaridade, perda e humor negro. Esses temas são expressos através de acordes simples e, por vezes, até de caráter circense, mas a simplicidade musical é compensada pela intensidade da expressão dos vocalistas. Estes, por sua vez, possuem uma forte presença de palco e recorrem a uma teatralidade muitas vezes bizarra para envolver o público em suas performances musicais.
Ao contrário do que muitos podem pensar, os Deathrockers, ao contrário de várias outras tribos dentro da cena underground, não aderem a uma visão política uniforme. Na verdade, cada um possui suas próprias convicções, sem generalizações, destacando que o estilo está verdadeiramente mais conectado à música e outras ideias do que a uma agenda política específica.
Banda Luiza Fria
A banda Luiza Fria, originária de Brasília, teve seu encerramento, sendo reconhecida por suas influências de Deathrock e pós-punk. Em parceria com o Projeto Renfield, realizaram inúmeros shows tanto na capital federal quanto em São Paulo, inserindo-se no cenário da chamada arte marginal.
Um pouco do Death Rock no Japão

A cena japonesa do Death Rock e do pós-punk desempenhou um papel importante e singular, estabelecendo um paralelo significativo com o que estava ocorrendo na Califórnia e no Reino Unido durante a década de 1980. Entre as bandas de destaque do início do Deathrock japonês, Phaidia foi a pioneira, seguida por Madame Edwarda, G-Schmitt, Gille, Love, Coma, Neurotic Doll, entre outras.
Eu decidi me estender pouco nesse tópico, por achar poucas referências confiáveis sobre a história do Death Rock no Japão. Além do nome de algumas poucas bandas e poucos artistas, achamos pouco conteúdo – mesmo em outros idiomas. Para também não ser injusta, uma das únicas listas mais completas que encontramos na internet é do site Discogs. Possivelmente, essa cena musical recebeu pouca atenção da mídia graças à ascensão do gênero musical Visual Kei na mesma época e que se popularizou mais.
Referências
- A happy house in a black : planet : introdução à subcultura gótica / H. A. Kipper. — 2. ed. –Guarulhos, SP : Ed. do Autor, 2023.
- CVLT Nation: From AUTO-MOD To 13th Moon: It’s Japanese Deathrock!
By Oliver Sheppard - Espaço Garotas do Rock: O Death Rock no Brasil
Meus agradecimentos para a galera do J-Fora Kei, que me apresentou ao gênero e a algumas dessas bandas!
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