the GazettE/AOI 撮影=KEIKO TANABE

Você precisa estar com o visual 100% do tempo para ser parte do Visual Kei?

Visual Kei é mais do que um estilo de roupa ou maquiagem pesada: é uma subcultura musical nascida no Japão que une som, imagem e expressão individual. Desde os anos 1980, com pioneiros como X Japan e Buck-Tick, até nomes contemporâneos como the GazettE, Versailles e Deviloof, o visual kei conquistou fãs pelo mundo. Sempre tem um porém, não é mesmo? Nosso porém é que, junto com o amor pela música e a estética, às vezes surgem dúvidas (ou até cobranças dos fandons) dentro da própria cena. Uma das perguntas mais comuns é: “Se eu não estiver com o cabelo ou roupas visual kei, deixo de fazer parte dessa subcultura?”

A resposta é simples: não, de forma alguma.

Apesar do impacto visual ser um dos pilares do movimento, o visual kei é, antes de tudo, sobre música, atitude e identificação emocional. Mesmo os próprios artistas que admiramos, como Reita, Hyde, Mana, Hizaki, Ruki, e tantos outros, não vivem maquiados 24 horas por dia. As roupas extravagantes, penteados ousados e maquiagens elaboradas são geralmente reservadas para os palcos, videoclipes e sessões de fotos. Fora deles, muitos mantêm aparências discretas, seja por necessidade, conforto ou privacidade.

hizaki sem maquiagem
O guitarrista Hizaki, famoso principalmente por Versailles, sem maquiagem. Colagem puxada do Pinterest.

E o mesmo vale para os fãs. Precisar usar um uniforme de escola ou um traje formal para o trabalho não nos faz “menos alternativos”. ALiás, às vezes me pego imaginando a cena: um fã usando o uniforme do local de trabalho e o cabelo padrão exigido pelos superiores, e tendo a sua carteirinha de alternativo sendo confiscada por algum fiscal de subculturas. Sim, ignorando os anos que a gente ficou ouvindo Leetspeak monsters e Kagrra,.

A estética pode ser importante, mas não é o único ponto de pertencimento a uma subcultura. O amor por esse universo está nas músicas que ouvimos repetidamente, nos clipes que assistimos até decorar cada cena, nos momentos em que lemos entrevistas antigas do Kagrra, ou nos sentimos representados por uma letra do MUCC, por mais sombria ou poética que seja.

Kamijo é mil vezes mais bonito sem tanta maquiagem e só minha opinião importa
Kamijo é mil vezes mais bonito sem tanta maquiagem (e só minha opinião importa :v )

Pensar que só é visual kei quem “parece” visual kei o tempo todo é um reducionismo que esvazia a experiência pessoal e emocional da cena. Você acha que aquelas horas ouvindo “Filth in the beauty” ou chorando com “Dress” do Buck-Tick simplesmente desaparecem só porque hoje você está de camiseta lisa e calça jeans comum? Ou que maratonar Moon Child, com Gackt e Hyde, perde valor se você estiver de moletom ao invés de algo digno do Malice Mizer?

Claro que vestir-se de forma visual kei é uma forma de expressão e conexão com a cena. Entretanto, ela é uma parte da subcultura, não sua essência total. Se vestir ou não como os artistas não define a sua paixão, nem sua legitimidade como fã. Existem inúmeras formas de viver o visual kei: você pode manter um armário mais neutro e, ainda assim, se emocionar com cada lançamento da banda favorita. Você pode ter uma vida discreta e ainda assim ser parte fundamental de comunidades, blogs, fanzines e eventos ligados ao estilo.

Ser alternativo não significa estar “fantasiado” 24 horas por dia. Significa pensar diferente, sentir diferente e escolher o que te representa, mesmo que, naquele dia, você esteja vestindo algo completamente fora do padrão visual kei.

Seja com spikes e plataformas ou de chinelo e “brusinha” básica comprada na feirinha perto de casa, você continua sendo parte desse universo. A estética é linda, mas o coração da subcultura pulsa dentro de quem sente a música, quem vibra com cada riff, quem encontra identidade e consolo em um clipe, em uma letra, em uma banda.

aoi the gazette gifs

Visual Kei não é uma roupa que se veste, é algo que se vive. E viver, nem sempre, é performar. Às vezes é só ouvir “Guren” do the GazettE no ônibus voltando do trabalho e saber, no fundo, que você pertence (SIM, você pertence) a esse mundo, do seu jeito.

the gazette gifs

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